
A Casa Branca anunciou oficialmente a abertura de uma investigação determinada pelo presidente Donald Trump contra as maiores empresas de processamento de carne dos EUA, citando suspeitas de conluio, fixação e manipulação de preços. No centro das atenções está a JBS, apontada nominalmente pelo comunicado, além de outras gigantes como Cargill, Tyson Foods e National Beef (Marfrig).
O governo sustenta que essas corporações concentram poder excessivo — hoje controlariam cerca de 85% do processamento — e que essa concentração prejudica produtores e consumidores. O tom da medida é decisivo: o Executivo quer apurar práticas anticoncorrenciais e proteger o mercado interno americano.
De acordo com a nota, a investigação mira “conglomerados estrangeiros” que, segundo a Casa Branca, teriam ampliado sua influência a níveis que comprometem a competitividade do setor. O comunicado lembra que, em 1980, o mesmo mercado estava muito mais pulverizado — cerca de 36% nas maiores processadoras — e que o aumento da concentração gerou distorções.
Autoridades americanas prometem medidas rápidas para “proteger os consumidores, combater monopólios ilegais e garantir que corporações não lucrem criminosamente às custas do povo”. A resposta do mercado foi imediata: ações da Tyson e da JBS despencaram no after-market após o anúncio.
O recado do presidente foi direto: “há algo de suspeito, vamos descobrir a verdade muito rapidamente. Se houver crime, os responsáveis pagarão um preço alto”. A declaração evidencia a disposição do governo americano de não tolerar práticas que prejudiquem produtores, pecuaristas e famílias norte-americanas.
Para atores estrangeiros com operações nos EUA, como o grupo Joesley Batista e outros controladores, a investigação sinaliza que privilégios ou acordos locais não garantem impunidade em solo americano. Em linhas práticas, a apuração pode levar a multas pesadas, bloqueios de ativos e até desmantelamento de práticas comerciais ilegais.
O movimento do Departamento de Justiça reforça um posicionamento político e econômico: Washington quer restaurar competição e defender o produtor doméstico diante de conglomerados transnacionais. O cerco aos “Quatro Grandes” do processamento deve incluir análise de contratos, práticas de compra e venda, e possíveis acordos que tenham inflacionado preços ao consumidor. Se comprovadas práticas ilícitas, as consequências serão severas e terão impacto global — afetando cadeias de suprimento, exportações e os balanços das próprias empresas. O episódio deixa claro que, em solo americano, nenhum operador — nacional ou estrangeiro — está acima da lei.
Em termos práticos para o Brasil, a investigação abre uma nova frente de exposição para empresários brasileiros com atuação global na cadeia de proteína animal. A exposição pública e a queda imediata das ações já pressionam mercados e mostram que investigações antitruste nos EUA podem ter efeitos diretos sobre grupos com capital ou controle brasileiro. O recado de Trump é político e econômico: proteger consumidores, punir monopólios e quebrar esquemas que degradam o mercado. Para pecuaristas e consumidores, a expectativa é por maior transparência e medidas que restabeleçam preços justos e concorrência real.
