
Preso há duas semanas, o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”, prestou depoimento nesta quinta-feira (25) à CPMI do INSS, que investiga o esquema bilionário de desvios em aposentadorias e pensões. Antunes negou qualquer relação com o governo e rejeitou as acusações de participação em fraudes contra beneficiários do sistema previdenciário.
Em sua fala inicial, o empresário fez questão de destacar sua trajetória. “Sou um empreendedor nato, um empresário que constituiu, ao longo de 47 anos, uma carreira marcada pela garra e pela determinação de vencer na vida”.
Ele frisou que todo o seu patrimônio seria fruto exclusivo de atividades privadas, negando vínculos com órgãos públicos. “Jamais foi objetivo da minha atuação empresarial estabelecer parcerias com o setor público”, afirmou.
Antunes também se posicionou contra o apelido que ganhou desde o início das investigações. Para ele, a alcunha de “Careca do INSS” não passa de um rótulo criado a partir de interpretações equivocadas de e-mails trocados entre entidades privadas. O empresário classificou o título como “um personagem fictício”, que, segundo ele, não corresponde à realidade.
Apesar da defesa, Antunes segue preso desde o dia 12 de setembro, quando foi deflagrada a Operação Sem Desconto, da Polícia Federal. A investigação aponta um esquema de desvio que pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões em recursos destinados a aposentados e pensionistas. O caso é considerado um dos maiores escândalos de corrupção envolvendo a Previdência Social.
O depoimento não convenceu parte dos parlamentares, que enxergam contradições no discurso do empresário. Para muitos, o apelido pode até ser rejeitado, mas as evidências levantadas pela PF indicam que Antunes teve participação direta em um esquema que sugou bilhões de reais dos mais vulneráveis. O destino judicial do chamado “Careca do INSS” deve se tornar ainda mais central nas próximas etapas da CPMI.