Bukele faz movimento estratégico com proposta ousada a Maduro

“Como uma luz que me guiou”, foi assim que Mariana González descreveu a lembrança de seu marido, Rafael Tudares, desaparecido após ser detido pelo regime venezuelano. A declaração foi publicada em suas redes sociais, como um grito por justiça diante da indiferença da ditadura de Nicolás Maduro. A filha do ex-diplomata ergueu a voz não apenas por Tudares, mas por todos que hoje são vítimas do desaparecimento forçado promovido por um regime que trata a liberdade como ameaça.

“Não podemos permitir que o silêncio e a ausência nos consumam”, afirmou. Mariana exige o mínimo: justiça, dignidade, verdade — e que tragam seu marido com vida. Em 5 de abril, ela exigiu uma prova de vida. Um pedido simples, mas ignorado pela ditadura. Queria saber se ele ainda está vivo, se está bem, e onde está. A falta de qualquer resposta só reforça que Tudares é mais um desaparecido político da Venezuela. Um homem sequestrado por um regime que se recusa a mostrar o rosto da verdade.

A ONG Justiça, Encontro e Perdão também denunciou o abandono criminoso da ativista Rocío San Miguel, presa desde fevereiro. Ela sofreu uma fratura no ombro há mais de sete meses, mas até agora não recebeu atendimento médico adequado. Isso, segundo a entidade, configura uma grave violação aos direitos humanos.

“Apesar da gravidade da lesão, ela continua sem tratamento”, alerta a ONG. Sua saúde física e emocional está em risco, podendo haver sequelas irreversíveis. É essa a face da Venezuela de Maduro: prisões arbitrárias, sofrimento silencioso e total descaso com o ser humano.

Outro caso escandaloso é o do argentino Nahuel Gallo, que está preso há mais de 100 dias. Detido em dezembro ao entrar na Venezuela vindo da Colômbia, seu paradeiro e estado de saúde seguem desconhecidos. O líder opositor Juan Pablo Guanipa exige transparência: onde está Gallo e em que condições ele está sendo mantido?

Foi diante desse cenário caótico e opressor que o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, resolveu agir. Em carta pública a Nicolás Maduro, Bukele foi direto ao ponto. Lembrou que, ao contrário do regime chavista, El Salvador não tem presos políticos. Todos os venezuelanos detidos em solo salvadorenho estão envolvidos em crimes, como homicídios, estupros e atividades ligadas ao Tren de Aragua.

“Diferente dos nossos detidos, os seus presos políticos não cometeram crime algum. Estão presos apenas por discordarem de você e dos seus processos eleitorais fraudulentos”, escreveu Bukele, em uma das maiores alfinetadas já vistas contra o regime bolivariano.

O presidente salvadorenho então propôs um acordo inédito: trocar os 252 venezuelanos detidos nos EUA por 252 presos políticos da Venezuela. Entre eles, Rafael Tudares, Rocío San Miguel, Roland Carreño e a mãe da líder opositora María Corina Machado, que é diariamente intimidada pelo regime chavista.

A lista de nomes inclui ainda quatro opositores refugiados na embaixada da Argentina e quase 50 estrangeiros de países como EUA, Alemanha, França, Espanha, Irã, Ucrânia, entre outros. Uma proposta humanitária que escancara o contraste entre dois modelos: o da liberdade, representado por Bukele, e o da opressão, sustentado por Maduro.

Segundo o comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de El Salvador já encaminhou o pedido formal. Agora, resta saber se Maduro terá coragem de responder — ou se seguirá calado, como de costume, diante da verdade.