Lula decidiu, ao menos por um momento, mudar sua postura em relação aos gastos públicos que vêm marcando seu terceiro mandato. Em meio a uma série de críticas pelo exagero nas despesas com viagens internacionais, o petista anunciou que, durante sua ida a Buenos Aires para a cúpula do Mercosul, não ficará em hotéis de luxo — como é de costume —, mas sim na residência oficial do embaixador brasileiro na Argentina.
A viagem está marcada para esta quarta-feira (2) e, segundo aliados do governo, a decisão de Lula teria como objetivo “dar o exemplo”. No entanto, para muitos analistas políticos, trata-se apenas de uma tentativa desesperada de conter o desgaste crescente em sua imagem, principalmente após denúncias de gastos milionários com diárias, comitivas, segurança e até mesmo jantares caros no exterior.
Diferente do que vinha ocorrendo desde que voltou ao poder, Lula agora busca simular austeridade, algo que era comum durante o governo Bolsonaro. O ex-presidente, ao contrário de Lula, optava por estruturas oficiais e evitava luxos pagos com dinheiro público — postura que sempre foi elogiada pelos conservadores. Já o petista, desde janeiro de 2023, acumula recordes negativos em despesas com viagens e comitiva.
O gesto de agora, embora simbólico, parece pouco para reverter a percepção da população. Afinal, o histórico recente do atual governo é de desperdício, aparelhamento e uma farra com o dinheiro dos pagadores de impostos. A tentativa de passar uma imagem de responsabilidade fiscal, portanto, soa como maquiagem política, especialmente num momento em que a economia dá sinais claros de desaceleração e rombo nas contas públicas.
A presença de Lula na cúpula do Mercosul também levanta críticas quanto à utilidade dessas viagens, já que sua política externa tem sido marcada por alinhamentos ideológicos, aproximação com ditaduras e discursos contra o livre mercado. A aposta em fóruns regionais, que pouco entregam em termos concretos para o Brasil, apenas reforça a sensação de que o governo está desconectado das prioridades reais da população.
Enquanto isso, os brasileiros seguem enfrentando inflação alta, serviços públicos precários e um governo que parece mais preocupado com sua imagem lá fora do que com o bem-estar da população aqui dentro. Hospedar-se na casa do embaixador não apaga o passado recente de luxos e gastos abusivos. A direita segue vigilante — e o povo, cada vez mais atento.