Durante uma entrevista concedida à tradicional revista britânica The Economist, o ministro Alexandre de Moraes causou espanto ao se autodefinir como um “liberal clássico”. A declaração rapidamente repercutiu nas redes e nos bastidores da imprensa, levantando questionamentos sobre a coerência entre suas ações no Supremo Tribunal Federal e os princípios que norteiam o liberalismo.
O jornalista Felipe Moura Brasil, colunista da revista Crusoé, não deixou passar a fala despercebida. Em tom crítico, classificou a declaração de Moraes como uma verdadeira “piada”, afirmando que o comportamento do ministro está longe de refletir os ideais de um liberal genuíno.
Moura Brasil destacou que decisões recentes tomadas por Moraes apontam justamente na direção contrária do pensamento liberal. Segundo ele, o ministro tem adotado posturas autoritárias, interferindo diretamente na liberdade econômica e no funcionamento de plataformas digitais, como no caso das decisões envolvendo as empresas X, Rumble e Starlink.
O jornalista lembrou que um liberal clássico defende a limitação do poder estatal, a livre iniciativa e os direitos individuais como pilares fundamentais de uma sociedade democrática. No entanto, o que se tem visto, segundo ele, é uma escalada preocupante de medidas judiciais que restringem a atuação de empresas privadas e cerceiam a liberdade de expressão de cidadãos brasileiros.
Para Felipe, há uma incoerência gritante entre a fala de Moraes e suas atitudes como magistrado. A contradição se torna ainda mais evidente pelo fato de a entrevista ter sido dada justamente à The Economist, uma publicação mundialmente reconhecida pela defesa intransigente do liberalismo, oriunda do berço do pensamento de John Locke.
A fala do ministro, ao invés de reforçar sua imagem internacional, acabou gerando uma onda de reações que colocam em xeque sua credibilidade. Para muitos analistas, trata-se de mais um episódio que revela o abismo existente entre o discurso e a prática daqueles que ocupam posições de poder no Brasil atual.