
O trabalho conduzido pelo relator e pelo presidente da CPMI do INSS vem chamando atenção pela firmeza, pela estratégia e pela coragem política diante do maior esquema de fraudes já descoberto no órgão.
A decisão de exigir o celular de Igor Delecrode no exato dia da audiência pegou completamente desprevenida a defesa do investigado, desmontando o plano de entrar e sair em silêncio. O aparelho é novo, mas especialistas afirmam que mensagens apagadas podem ser recuperadas, abrindo caminho para que a verdade venha à tona.
O ministro Gilmar Mendes, em decisão que indignou metade do país, garantiu tanto o silêncio do depoente quanto a dispensa do compromisso de falar a verdade — postura que, na prática, blindou o suposto operador de um esquema que desviou bilhões dos mais vulneráveis. Ainda assim, a CPMI não recuou.
Delecrode usava um sistema que validava aposentados via biometria facial, permitindo que descontos ilegais fossem aplicados sem consentimento, um mecanismo frio e tecnicamente sofisticado para esvaziar o bolso de idosos.
A apreensão repentina do celular revelou-se um movimento cirúrgico, porque tirou dos advogados a chance de “preparar” o aparelho antes do depoimento. Com isso, a comissão avançou de forma firme no rastreamento das comunicações e conexões do investigado, que agora teme que conversas, prints e ordens internas possam ser recuperadas pelos peritos.
O episódio marcou um divisor de águas dentro da própria CPMI: de um lado, quem trabalha para esclarecer o rombo de R$ 4 bilhões; do outro, quem tenta blindar envolvidos por motivação política. A bancada do governo tenta atrasar, travar e esvaziar os trabalhos, mas a liderança da comissão resiste, mostrando que o combate à corrupção ainda tem quem o carregue adiante — mesmo sob forte pressão.
A genialidade da equipe da CPMI ao tomar o celular no momento exato revelou que, quando a investigação é séria e independente, a verdade dá um jeito de aparecer, mesmo quando alguns tentam empurrá-la para debaixo do tapete.
