A desculpa de Gleisi pela ausência de Lula no evento do Dia do Trabalho

Em 2024, a celebração do Dia do Trabalho organizada por Lula e acompanhada por nove ministros contou com um público pífio: apenas 1.635 pessoas, segundo levantamento feito pela USP. O evento foi realizado no estacionamento da Neo Química Arena, em São Paulo, mas nem a presença de um chefe de Estado e sua tropa ministerial foi suficiente para mobilizar a massa trabalhadora. Um vexame político com direito a puxão de orelha público no próprio ministro Márcio Macêdo, responsável pela articulação com os movimentos sociais.

Na ocasião, Lula culpou Macêdo pelo fracasso do ato e o acusou de “convocação mal feita”. A bronca pública expôs a tensão dentro do governo e mostrou que nem mesmo entre sindicalistas o petista consegue manter o entusiasmo de outrora. O desgaste da imagem presidencial entre as bases é cada vez mais evidente, e a apatia popular em datas simbólicas como o 1º de Maio reforça esse distanciamento.

Na tentativa de reorganizar sua base sindical, Lula se reuniu recentemente com Macêdo e com líderes de centrais trabalhistas. O objetivo foi tentar salvar o prestígio do governo com o movimento sindical, negociando pautas atrasadas e prometendo força política para aprová-las no Congresso. É a velha fórmula da troca de favores com setores historicamente alinhados ao PT.

Segundo apuração do portal Poder360, Lula garantiu às centrais que apoiará temas de interesse direto dos sindicatos. Entre as principais demandas estão o fim da escala 6 x 1, a redução da jornada semanal de 44 para 40 horas, e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000. As promessas, no entanto, esbarram na fragilidade política do governo no Congresso e no custo fiscal elevado.

Curiosamente, a Secretaria Geral da Presidência — a mesma comandada por Macêdo e tradicionalmente ligada aos movimentos sociais — não será a responsável por organizar os atos deste 1º de Maio. Desta vez, o protagonismo ficou com o Ministério do Trabalho, numa tentativa de reduzir o desgaste político sobre o núcleo palaciano. Mais uma manobra para blindar ministros e afastar o Planalto de uma possível nova vergonha pública.

Na próxima quinta-feira (1º de maio), apenas três ministros irão comparecer ao ato sindical: Luiz Marinho (Trabalho), Márcio Macêdo (Secretaria Geral) e Cida Gonçalves (Mulheres). Eles participarão da manifestação convocada por centrais como CTB, CSB, Força Sindical, UGT, NCST e Pública. A concentração será na praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo, a partir das 11h.

Já a CUT — principal braço sindical do PT — preferiu seguir caminho próprio e fará um evento separado em São Bernardo do Campo, berço político de Lula. A separação expõe as divergências internas até mesmo entre os aliados mais fiéis do presidente e mostra que nem dentro da esquerda há consenso ou entusiasmo suficiente para atos conjuntos.

Neste ano, o tema dominante entre os sindicatos será a defesa do fim da escala 6 x 1, uma pauta que vem sendo promovida com força por parlamentares do PSOL. Militantes da sigla acusam Lula de omissão e esperam usar o 1º de Maio para pressionar o Congresso e dar visibilidade ao projeto nas redes sociais. A ausência de posicionamento firme do presidente só reforça a ideia de um governo acuado, que evita desagradar qualquer lado, mas já não agrada a ninguém.