
Durante uma sessão no STF, o ministro Gilmar Mendes tentou usar uma analogia bíblica para ilustrar a complexidade das interpretações jurídicas: comparou a interpretação das leis aos múltiplos sentidos da Bíblia. Já Luís Roberto Barroso entrou na digressão afirmando que opiniões podem divergir, mas que o texto sagrado “também foi escrito com sentidos”, numa tentativa de suavizar o debate.
A brincadeira não caiu bem para o colega e eventual adversário religioso, o ex‑ministro André Mendonça, que rapidamente rebateu. Segundo relatos, Mendonça deu uma resposta firme, destacando que a Bíblia é objeto de fé e respeito, e não de tiradas irônicas feitas por magistrados. O comentário foi recebido como uma verdadeira “invertida” institucional, deixando claro que temas religiosos não devem ser tratados como piadas em plenário.
O episódio revela o pior da convivência entre senhores da toga: enquanto Barroso e Gilmar se sentem à vontade para brincar com símbolos religiosos, Mendonça age com defesa da fé e seriedade — o que gerou repercussão imediata entre setores conservadores, que vêm criticando o STF por, supostamente, menosprezar valores fundamentais.
O embate expôs, mais uma vez, o choque de valores dentro da Corte. Se para alguns o ambiente é de erudição e ironia, para outros — especialmente os que veem na Bíblia um fundamento moral —, essa leveza é inaceitável. Muitos conservadores avaliam o episódio como prova de que o STF não respeita a fé popular, enquanto defensores da Corte argumentam que magistrados também são livres para usar analogias literárias.