Mais de 70 deputados de partidos que compõem a base aliada do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinaram um requerimento de urgência para a tramitação do projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023. Esse movimento reflete uma divisão interna nas legendas governistas, uma vez que a iniciativa é liderada pela oposição.
O requerimento já conta com mais de 200 assinaturas, incluindo parlamentares de partidos como União Brasil, PSD, Republicanos e PP, que possuem representantes no primeiro escalão do governo. A adesão desses deputados evidencia tensões dentro da coalizão governista, especialmente considerando que essas siglas ocupam ministérios importantes na atual administração.
A coleta de assinaturas para o pedido de urgência é uma estratégia da oposição para acelerar a votação do projeto de anistia, permitindo que ele seja apreciado diretamente no plenário da Câmara dos Deputados, sem passar pelas comissões temáticas.
Para que o requerimento seja aprovado, são necessárias 257 assinaturas, número que corresponde à maioria absoluta dos deputados. Líderes de partidos do Centrão, como União Brasil e PP, confirmam que uma parcela significativa de suas bancadas apoia o projeto de anistia. Essa situação coloca o governo em uma posição delicada, pois revela a dificuldade em manter a coesão entre os aliados e a influência da oposição sobre parlamentares da base governista.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta pressão para pautar o projeto de anistia.
No entanto, Motta tem adotado cautela, buscando equilibrar as demandas políticas internas com a necessidade de preservar a harmonia entre os Poderes. Ele tem enfatizado que a anistia não deve ser tratada como uma “pauta única” e defende a criação de uma comissão especial para debater o projeto de forma mais aprofundada.
A mobilização em torno da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro continua a gerar debates acalorados no cenário político brasileiro, evidenciando as complexas articulações e divergências tanto entre a oposição quanto dentro da própria base aliada do governo.