
A Polícia Federal identificou que Rogério Soares de Souza, servidor do INSS, cobrou propina de representantes da Conafer, organização que desviou R$ 640,9 milhões por meio de descontos ilegais em aposentadorias. A descoberta ocorreu durante nova fase da Operação Sem Desconto, revelando mais uma ramificação do gigantesco esquema que sangrou a Previdência e atingiu milhares de brasileiros vulneráveis.
Mensagens extraídas do celular de Cícero Marcelino, operador financeiro da Conafer, mostram Rogério cobrando propinas direcionadas a terceiros para ocultar a movimentação criminosa. Em um dos diálogos, datado de setembro de 2023, o servidor pressiona o operador com a frase: “Esqueceu de mim, mestre?”.
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Logo após o pedido, foi registrada uma transferência de R$ 40 mil para Waldemir Miranda Neto, indicado pelo próprio Rogério. No total, a PF mapeou 11 transferências, somando R$ 450 mil, todas realizadas a contas de laranjas para esconder a origem ilícita do dinheiro.
O ministro André Mendonça, do STF, autorizou a operação e destacou que os diálogos configuram prova direta da participação ativa de Rogério no esquema de corrupção. Ele é apontado como braço direito de André Fidélis, ex-diretor de Benefícios do INSS que assinou 14 acordos de cooperação técnica que permitiram os descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões.
A investigação trouxe à tona um detalhe perturbador: Rogério participou, na transição entre os governos Bolsonaro e Lula, de uma reunião dentro do Ministério da Previdência, ao lado do atual ministro Wolney Queiroz (PDT). Também estavam presentes o ex-procurador do INSS Virgílio Filho, o lobista Antônio Carlos Camilo, o famoso “Careca do INSS”, além de Fidélis — todos alvos de mandados de prisão nesta quarta (13). Integrantes próximos do ministro também compareceram, ligando o encontro diretamente ao núcleo político da pasta.
O caso reforça os indícios de que o esquema não era isolado, mas sim parte de uma rede altamente coordenada que operava com influência política, acesso privilegiado e liberdade administrativa para drenar recursos públicos e prejudicar aposentados. A nova fase da operação coloca ainda mais pressão sobre o atual governo, que vê seu Ministério da Previdência repetidamente associado a personagens centrais desse escândalo bilionário.
