
A forma como a mídia alinhada ao governo Lula noticiou um dos episódios mais escandalosos do Judiciário recente revela muito mais do que simples parcialidade. Trata-se de militância de redação, pura e direta, empenhada em reforçar a narrativa oficial do regime enquanto ignora contradições óbvias, fatos objetivos e qualquer resquício de lógica jurídica.
Em nenhum momento os veículos questionam a aceitação da denúncia contra o ex-assessor — mesmo sabendo que suas revelações expuseram métodos de perseguição política dentro do sistema judicial.
Os militantes travestidos de jornalistas repetem, sem esforço e sem pudor, que o ex-assessor teria “ajudado os golpistas do 8 de janeiro”. Isso apesar de um detalhe simples, que qualquer repórter sério destacaria: as mensagens usadas na denúncia só vieram à tona em 2024, muito depois dos atos ocorridos em 2023.
Ou seja, matematicamente impossível que tenham servido para ajudar quem quer que fosse naquele período. Mas para a “Lula News”, fatos não importam quando a missão é blindar o regime e demonizar o denunciante.
O absurdo cresce quando o texto afirma, com toda a naturalidade do mundo, que “as investigações não apontaram nada de irregular na equipe do ministro Alexandre de Moraes”. A ironia é brutal: não apontaram porque não investigaram.
É como declarar a inocência de alguém em um crime que nunca foi apurado. Mesmo assim, jornalistas militantes repetem o mantra como se fosse verdade absoluta, reforçando uma narrativa construída para proteger o poder e silenciar quem ousa questioná-lo.
O que se vê é uma inversão grotesca da lógica institucional: autoridades denunciadas por um servidor público assumem o papel de juízes e acusadores para criminalizar o denunciante. A imprensa chapa-branca trata esse processo como algo trivial, como se fosse normal punir quem aponta irregularidades e absolver quem deveria ser investigado. É a velha tática de transformar o delator em réu — recurso clássico de regimes autoritários.
Essa desfaçatez jornalística escancara um cenário perigoso: a mídia que deveria fiscalizar o poder atua como seu braço narrativo, apagando contradições, sufocando questionamentos e ajudando a reescrever a realidade. Uma imprensa que celebra a perseguição judicial é, no mínimo, cúmplice. E quando a verdade é retirada da equação, o resultado sempre é o mesmo: mais abuso, menos liberdade e um país cada vez mais refém do próprio sistema que deveria defendê-lo.
