
O Supremo Tribunal Federal (STF) viveu mais um capítulo de tensão nesta quarta-feira (15). O ministro Luiz Fux abandonou o plenário em meio a duras críticas de Gilmar Mendes à Operação Lava Jato — e a uma troca de farpas entre ambos nos bastidores. O episódio expõe novamente o clima de guerra interna dentro da Corte e o desprezo de alguns ministros por quem ainda defende o combate à corrupção.
A discussão começou nos corredores, quando Gilmar ironizou Fux por ter pedido vista em um processo envolvendo Sérgio Moro, dizendo: “Vê se consegue fazer terapia pra se livrar da Lava Jato”. A provocação irritou profundamente Fux, que retrucou lembrando que Gilmar costuma falar mal dele em diversos ambientes, e deixou claro seu descontentamento. O embate seguiu para o plenário, onde Gilmar aproveitou o microfone para continuar seus ataques.
Durante seu voto, que durou quase 50 minutos, Gilmar Mendes voltou a disparar contra a Lava Jato, dizendo que os procuradores de Curitiba tentaram “se apropriar de verbas bilionárias” e chamando-os de “combatentes da corrupção que gostam muito de dinheiro”. As declarações causaram desconforto geral e levaram Fux a deixar o plenário, num gesto interpretado como repúdio à postura do colega.
Gilmar, sem freios, ainda atacou Fux indiretamente, dizendo que ele teria feito um voto “de 12 horas sem sentido” no julgamento de Jair Bolsonaro, acusando-o de “absolver o ex-presidente e condenar o mordomo”, em referência a Mauro Cid. A hipocrisia, porém, é evidente: o mesmo Gilmar que hoje posa de juiz implacável, já declarou em Portugal que “não houve tentativa de golpe” em 8 de janeiro — mostrando que suas opiniões mudam conforme o vento político.
A cena reflete o que o STF se tornou: um palco de egos, vaidades e contradições, onde ministros trocam ataques enquanto o país afunda em insegurança jurídica. O silêncio de Fux pode dizer mais do que mil palavras: há quem, dentro da Corte, ainda sinta vergonha do rumo que ela tomou.