
Nesta segunda-feira (4 de agosto de 2025), novas mensagens vazadas atribuídas a assessores do ministro Alexandre de Moraes reforçaram a acusação de que ele operava uma espécie de gabinete paralelo durante os desdobramentos do inquérito dos atos de 8 de janeiro de 2023. Os diálogos, publicados originalmente pela organização Civilization Works e reportados pela Gazeta do Povo, mostram servidores do STF e do TSE trocando informações em WhatsApp para embasar prisões fora de trâmites institucionais oficiais.
Segundo o conteúdo divulgado hoje, Moraes teria supervisionado uma força-tarefa informal dentro do TSE para vasculhar redes sociais de manifestantes detidos em frente a quartéis, com o objetivo de gerar relatórios usados como base jurídica para encaminhamento imediato de custódias. As mensagens indicam que certidões de postagens foram criadas ad hoc, sem participação da Procuradoria-Geral da República ou Poder Legislativo.
A chefe de gabinete de Moraes, Cristina Yukiko Kusahara, e o ex-assessor do TSE, Eduardo Tagliaferro, aparecem nas conversas articulando a produção de documentos de acusação com base em posts informais e comentários em redes. Há referência à formação de e-mails e relatórios motivados “sob pena de multa”, além de diálogo sobre rejeição ao pedido de liberdade provisória pela PGR até que a equipe examinasse as redes sociais de investigados.
A apuração também revelou que foram criadas listas informais com fotos, nomes e dados pessoais dos manifestantes, compartilhadas em grupo de WhatsApp e usadas como base para decisões de prisão. O ritmo era imediato: certidões eram emitidas, revisadas ou canceladas em questão de minutos. O esquema é descrito como sistemático e distante dos padrões legais de investigação criminal e respeito à defesa.
Em síntese, a nova leva de mensagens reforça críticas ao que tem sido chamado de “justiça paralela”: uma estrutura de controle comandada por Moraes fora dos canais legais, voltada a acelerar prisões e decisões políticas sem atendimento às garantias processuais. A investigação oficial sobre os vazamentos segue sigilosa, com o STF ainda não se posicionando publicamente sobre o episódio.