Vaza a reação de Collor ao ser preso em aeroporto

O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi detido pela Polícia Federal nas primeiras horas desta sexta-feira (25), no aeroporto de Maceió, Alagoas, enquanto se dirigia a Brasília. Segundo sua defesa, Collor embarcaria espontaneamente para cumprir a pena de 8 anos e 10 meses de prisão, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, em uma condenação polêmica ligada à Operação Lava Jato.

Mesmo com a intenção de se apresentar voluntariamente, a PF realizou a prisão no local, surpreendendo aliados e até mesmo setores da imprensa. O ex-presidente foi levado à Superintendência da PF em Alagoas, onde segue custodiado enquanto aguarda definição sobre possível transferência à capital federal. A abordagem, segundo relatos, ocorreu de forma pacífica.

A decisão de Moraes gerou forte reação nos bastidores políticos, sendo vista como desproporcional. Collor, que respondia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em contratos da BR Distribuidora, ainda tinha recursos pendentes no STF. A defesa alegou que embargos estavam em trâmite e que o próprio Plenário ainda avaliaria pontos sensíveis do processo.

Os advogados do ex-presidente classificaram a prisão como precipitada e injustificada. Eles apontam que, além da tentativa de reversão da sentença, havia argumento jurídico para discutir prescrição, dado o tempo decorrido desde os fatos investigados. Segundo eles, Collor jamais teve a intenção de fugir da Justiça e estava disposto a colaborar com o cumprimento da decisão.

Fernando Collor foi condenado em 2023 por irregularidades envolvendo a BR Distribuidora e empresas privadas, a partir de delações da UTC. A sentença prevê, além da reclusão, pagamento de R$ 20 milhões em multa solidária e perda dos direitos políticos por quase 18 anos. O ex-presidente, que teve mandato encerrado no Senado, viu ruir sua trajetória política iniciada nos anos 1980.

O caso reacende debates sobre o uso político do Judiciário e o ativismo de ministros como Moraes, que concentram poderes de forma inédita na história republicana. Para muitos, a decisão de prender Collor em pleno deslocamento voluntário é mais um episódio de excessos que precisam ser revistos com urgência no país.