Durante sessão da Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli acusou o colega André Mendonça de “deturpar” o seu voto ao tratar de um caso que envolve responsabilidade de procurador em entrevista. O embate ocorreu enquanto o tribunal analisava ação proposta por um juiz que se sentiu ofendido por declarações de um membro do Ministério Público Federal (MPF).
Toffoli alegou que Mendonça estaria atribuindo à sua manifestação palavras e intenções que não constam em seu voto e chegou a dizer que se sentiu desrespeitado: “Vossa Excelência está colocando palavras no meu voto que não existiram. Achei desrespeitoso.” A tensão se elevou em meio à argumentação jurídica da 2ª Turma.
Mendonça, por sua vez, defendeu que estava apenas reproduzindo o conteúdo registrado e manteve que respeita o colega. Ele disse ainda que “meu voto é meu voto”, ressaltando sua independência. Toffoli retrucou que não admite que seu entendimento seja moldado ou interpretado por outro ministro.
O foco central da divergência é técnico:
Toffoli alertou para o risco de “precedente perigosíssimo” se o tribunal flexibilizar teses já firmadas, enquanto Mendonça identificou suposta incoerência entre entendimentos passados de Toffoli e o caso em julgamento. O confronto expôs, além das diferenças jurídicas, uma disputa de autoridade interna.
Do ponto de vista de quem valoriza segurança jurídica e independência do Judiciário, o episódio sinaliza fragilidade: quando integrantes da Corte se veem às vias de fato por divergências de interpretação, quem sofre é a credibilidade institucional. A consistência dos votos e a confiança pública na Corte ficam sob risco.
Em resumo: a discussão entre Toffoli e Mendonça evidencia que, além das teses jurídicas, está em jogo o poder de interpretação no STF. A acusação de deturpação de voto e o tom exaltado ilustram que o ambiente na Corte cada vez mais parece palco de disputas internas — um alerta para quem acredita que a Justiça deve operar com calma, clareza e respeito institucional.