A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) soltou nesta quinta-feira (16) um posicionamento oficial condenando a escolha do presidente americano Donald Trump de permitir missões ocultas da CIA na Venezuela. Conforme a agremiação liderada por Lula — companheiro histórico do ditador Nicolás Maduro —, as palavras de Trump equivalem a “uma agressão à independência da nação caribenha e um atentado ao Direito Internacional.
Trata-se de uma conduta inaceitável e repugnante”, conforme o comunicado .A legenda evoca ofensivas contra barcos conduzidas por tropas dos EUA, que ceifaram a vida de pelo menos 27 indivíduos, e acusa as intervenções de ocorrerem “sem respaldo jurídico e sem qualquer exame preliminar”. A Casa Branca, no entanto, argumenta que as naves levavam entorpecentes aos EUA e que as vítimas eram traficantes.
O texto da liderança partidária ainda investe contra a Agência Central de Inteligência (CIA) americana, alegando que a organização “carrega um extenso passado de fomento e planejamento de práticas ilícitas e desestabilizadoras em países sul-americanos”, deixando “vestígios de interferências, crimes, rupturas políticas, supressão e regimes autoritários violentos no continente”.– O Partido dos Trabalhadores repudia com total repulsa mais essa incursão dos EUA contra a autonomia venezuelana.
Somos baluartes do Direito Internacional e dos ideais de não intromissão e da soberania dos povos em todos os recantos do planeta – encerra o documento, silenciando sobre as constantes afrontas aos direitos humanos impostas pelo governo de Nicolás Maduro. Até aqui, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se pronunciou sobre as medidas divulgadas por Trump.
Os dois trocaram a primeira conversa por telefone na semana anterior, como sinal de reaproximação após o conflito diplomático deflagrado por tarifas elevadas e restrições aplicadas pelos EUA a autoridades do Brasil.Ainda que Lula guarde reserva sobre o assunto, é impensável que uma declaração do PT de tal magnitude tenha sido lançada sem análise prévia pelo titular do Planalto ou sem seu endosso implícito.
Nesta quinta-feira, o chanceler Mauro Vieira dialoga com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Washington. Espera-se que as agendas aborde as instabilidades na Venezuela e no Haiti.Trump declarou na quarta-feira (15) que avalia incursões terrestres no território, em um quadro de crescente atrito entre Washington e Caracas.– Sem dúvida, estamos considerando agora ações em solo, pois o controle marítimo já está amplamente dominado – afirmou em entrevista coletiva no Salão Oval.
Em agosto, o mandatário despachou 10 mil tropas ao Caribe, mais oito unidades navais de combate — incluindo submersíveis, destróieres e um navio adaptado para assaltos anfíbios —, visando reprimir o contrabando de drogas. A recente liberação habilita a CIA a executar ações fatais na Venezuela e uma variedade de intervenções no Caribe.
O serviço poderia lançar medidas sigilosas contra Nicolás Maduro ou sua estrutura governamental, de forma independente ou associada a uma campanha bélica maior. Para filiados do PT, o derrubada de Maduro na Venezuela seria arriscada, ao debilitar a ala radical de esquerda no hemisfério sul-americano.