
O Partido dos Trabalhadores (PT) publicou nesta quinta-feira (31), na plataforma X, uma nota em defesa do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, após a aplicação da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos, medida anunciada pelo presidente Donald Trump por violações de direitos humanos e censura política no Brasil. A posição oficial do partido causou estranheza ao lembrar das críticas históricas que a própria legenda já fez ao magistrado no passado.
O texto, assinado pelo presidente nacional do PT, senador Humberto Costa, classificou a decisão americana como “um ataque direto à democracia brasileira”, acusando os EUA de desrespeitar a diplomacia internacional e afirmando que nada impedirá a prisão de “golpistas”, em referência a Jair Bolsonaro e aliados. A legenda sustenta que o Judiciário brasileiro é “independente” e que nenhuma nação poderá interferir na soberania nacional.
A postura atual do partido, no entanto, contrasta frontalmente com declarações do próprio PT em 2016, quando Alexandre de Moraes ocupava o cargo de ministro da Justiça no governo Michel Temer. Na época, a sigla não economizava críticas e até criou a hashtag #MinistroGolpista, acusando Moraes de truculência contra manifestantes, demissões em massa na Febem, envolvimento com empresas investigadas pela PF e outras práticas autoritárias.
Os posts antigos do PT registravam frases como:
- “O #ministrogolpista da Justiça Alexandre de Moraes é conhecido pela truculência ao reprimir manifestações” (17/05/16);
- “Você sabia? Alexandre de Moraes, ministro golpista da Justiça, recebeu R$ 4 milhões de empresa investigada pela PF” (11/10/16).
A mudança brusca de narrativa levanta questionamentos: o que mudou? Moraes ou a conveniência política do PT? Se em 2016 o ministro era apontado como autoritário e aliado de um governo “golpista”, hoje se tornou, para a legenda, um bastião da democracia — apenas porque os alvos de suas decisões são os adversários do partido no poder.
O episódio reforça a percepção de que a defesa da democracia por parte do lulopetismo é seletiva, moldada pelas circunstâncias e pela utilidade dos personagens em jogo. O ministro que ontem era visto como vilão passou a ser herói, sem