Por trás de um orçamento bilionário, a realidade é sombria: as Forças Armadas brasileiras caminham para um colapso funcional sem precedentes. Reportagem recente da Veja expôs o que oficiais já denunciavam em silêncio — a estrutura de defesa do país entrou em “modo hibernação”, incapaz de manter até despesas básicas, como luz e água.
O corte de R$ 2,5 bilhões feito pelo governo Lula na Defesa, dentro do congelamento de R$ 48,5 bilhões no orçamento, não é apenas uma medida contábil: é um golpe direto na espinha dorsal da soberania nacional. Enquanto mais de 80% dos R$ 135 bilhões do setor são gastos com pessoal, o que sobra para custeio e investimento é pífio — o menor índice em dez anos.
O reflexo é devastador: aviões parados por falta de peças, combustível escasso na Amazônia, treinamentos suspensos e respostas a emergências comprometidas. Soldados que deveriam estar preparados para defender o Brasil acabam reduzidos a pintores de meio-fio e distribuidores de cachorro-quente em ações populistas do governo.
O ministro José Múcio Monteiro tenta emplacar uma PEC que garanta percentual mínimo de verba para a Defesa, mas o projeto está travado no Congresso. Enquanto isso, militares pedem socorro: um aporte emergencial de R$ 1 bilhão, ignorado pelo Palácio do Planalto. Nos bastidores, cresce a suspeita de que Lula estaria punindo institucionalmente as Forças pelo desgaste político de 2022.
O resultado é que o país caminha para a humilhação de seus próprios soldados. Se antes vestir a farda era motivo de honra, hoje muitos praças evitam sair uniformizados para não sofrer constrangimento nas ruas. O orgulho de servir foi substituído por vergonha, e o recado é claro: enfraquecer as Forças para dar espaço ao crime organizado, que avança como aliado informal do poder.
O colapso da Defesa não é apenas técnico, mas estratégico e simbólico. Se nada mudar, o Brasil poderá pagar um preço altíssimo por negligenciar quem sempre foi a última linha de proteção da pátria.