
Em mais uma medida que escancara o autoritarismo do Judiciário brasileiro, o ministro Alexandre de Moraes voltou a mirar diretamente em um dos principais nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Neste domingo (22), Moraes determinou que a defesa do general da reserva Walter Braga Netto entregue, em apenas 24 horas, todos os detalhes sobre sua viagem a Brasília, incluindo horários, voos e itinerário.
A alegação usada é “preservar a integridade física e a privacidade” do general, que está preso desde dezembro sob acusação de obstrução da Justiça. Na prática, a medida soa como um novo ato de controle extremo sobre um réu político, já que os dados solicitados ultrapassam qualquer padrão razoável para “segurança”.
A acareação com Mauro Cid, marcada para esta terça-feira (23), promete ser tensa. O general busca confrontar o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que passou a acusá-lo de ter pago R$ 100 mil para custear um suposto “plano golpista”. A delação de Cid já foi questionada por diversas inconsistências e alterações, e é justamente isso que a defesa de Braga Netto tenta escancarar.
Apesar da gravidade das acusações e da falta de provas conclusivas, Moraes mantém a narrativa de criminalização política viva e ativa. A audiência entre os dois ocorrerá a portas fechadas, reforçando a falta de transparência do processo que vem sendo conduzido em ritmo de exceção.
Por fim, o próprio Moraes admitiu que, como réus, ambos têm o direito de mentir — mas com um detalhe: só Cid corre risco de perder benefícios. Uma confissão implícita de que há um réu do lado “bom” e outro do lado “errado” da Justiça. A parcialidade é escancarada.