
Michel Temer é hoje apenas um cidadão comum. Não ocupa cargo público, não exerce mandato e já passou por duas prisões na Lava Jato — em 21 de março de 2019 e em 8 de maio de 2019 — acusado de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua ficha política está marcada por escândalos e pela pecha de conspirador.
Na época de suas prisões, foi defendido por petistas de peso como Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e Paulo Pimenta, que saíram em sua defesa para garantir sua soltura. Ou seja: de inimigo público virou aliado conveniente, a depender da circunstância. Hoje, sua opinião política deveria ter o mesmo valor que a de qualquer brasileiro, mas o sistema insiste em dar-lhe um papel de protagonista.
Repentinamente, Temer reapareceu como “articulador do sistema”, agora usado para tentar enterrar o projeto da Anistia, visto como um obstáculo pelo desgoverno Lula e pela ditadura judiciária. Figura carimbada da velha política, Temer representa o atraso da “risca faca” ao lado de nomes como Sarney e Renan Calheiros. É o retrato do conchavo de bastidores, sempre em defesa de privilégios e dos interesses de quem teme a força do povo.
Com sua proposta surreal de um “pacto nacional”, Temer demonstra que não mudou nada: segue como conspirador de porão, disposto a salvar o establishment da pressão popular. No fundo, o movimento não passa de uma piada macabra, sem legitimidade e sem efeito real, mas que mostra como o sistema recorre sempre às mesmas figuras para manter o controle.
Para os brasileiros, fica a pergunta inevitável diante desse espetáculo político grotesco:
quem pediu a opinião desse cara?