
O jornalista Merval Pereira, um dos principais nomes da GloboNews e colunista de peso do jornal O Globo, subiu o tom contra Alexandre de Moraes. Durante comentário na televisão e em artigo publicado no impresso, ele acusou o ministro do Supremo de agir por impulso, afirmando que suas decisões recentes têm mais a ver com emoções do que com o respeito à lei.
A crítica veio após Moraes negar a extradição de um búlgaro acusado de tráfico internacional, como resposta à recusa da Espanha em extraditar o jornalista Oswaldo Eustáquio.
Para Merval, foi um gesto de revide — e não de justiça. “Mandar um traficante internacional para casa com tornozeleira, só porque a Espanha não entregou um bolsonarista, é uma atitude inacreditável”, disse ao vivo.
Merval não parou por aí. Em sua coluna, ele foi ainda mais direto: “Moraes decide mais com o fígado do que com a legislação”, escreveu. O tom da crítica surpreendeu até aliados do ministro, acostumados com a blindagem institucional que o Supremo costuma receber da grande imprensa.
O jornalista também criticou a concessão de asilo à ex-primeira-dama do Peru, acusada em escândalos de corrupção ligados à Odebrecht. Segundo ele, o Brasil caminha para se tornar “um refúgio para condenados pela Justiça em outros países da América Latina”. Merval comparou a situação com o que ocorre em outras nações, onde ex-presidentes estão presos — enquanto no Brasil, muitos processos simplesmente somem.
Essa não é a primeira vez que Moraes é acusado de extrapolar seu papel constitucional, mas o ataque vindo de dentro da casa Globo chama atenção. Merval, que já foi visto como alinhado ao STF, agora adota um tom bem mais duro, ecoando o sentimento de parte da opinião pública que vê excesso nas decisões do ministro.
A fala acirra os ânimos em meio ao cenário político turbulento. E mostra que, mesmo entre os círculos que costumavam proteger o Supremo, há limites sendo testados. A crítica de Merval pode ser um sinal de que o STF começa a perder espaço até entre antigos aliados da elite midiática.