
Uma declaração do tenente-coronel Mauro Cid, feita durante seu interrogatório em junho deste ano, voltou a circular com força nas redes sociais nas últimas horas. No depoimento, Cid relatou uma fala do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que contraria a versão de que ele teria incentivado as manifestações em frente aos quartéis do Exército após as eleições de 2022.
Questionado pelo advogado Celso Vilardi, que defende Bolsonaro, sobre se o ex-presidente teria estimulado os atos, Cid foi direto: “Não”. Ele explicou que Bolsonaro jamais pediu para que os manifestantes se reunissem e ainda citou a resposta dada pelo líder conservador quando abordado por apoiadores.
“Quando vinham esses grupos mais conservadores falar com o presidente, ele deu a seguinte resposta: ‘Não fui eu quem chamei eles aqui, não sou eu que vou mandar eles embora’”, declarou Cid.
A fala enfraquece a tese usada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo ministro Alexandre de Moraes, de que Bolsonaro teria tido participação direta nos acampamentos diante dos quartéis. Ainda assim, ele e outros sete acusados — entre generais e oficiais de alta patente — são réus no chamado núcleo crucial da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, que começou a ser julgada nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para a defesa, a fala de Mauro Cid desmonta a principal narrativa usada contra Bolsonaro: a de que ele teria convocado e coordenado os atos. Na prática, o próprio ex-ajudante admite que o presidente não só não convocou como também não se sentiu responsável por dissolver as manifestações.