
O padre Julio Lancellotti voltou a provocar polêmica ao endossar, no último fim de semana, uma postagem feita pelo perfil da Caritas no Instagram, que trouxe um ataque direto a dom Adair Guimarães, bispo de Formosa (GO). O motivo da ofensiva foi a oração feita pelo bispo durante o evento Desperta Brasil, em Brasília, ao lado do frei Gilson Azevedo. Na ocasião, dom Adair pediu a intercessão de Nossa Senhora Aparecida para que o comunismo nunca chegasse ao Brasil.
A publicação da Caritas, feita em collab com Lancellotti, trouxe a frase atribuída a São Oscar Romero: “O anticomunismo é muitas vezes a arma que os poderes econômicos e políticos usam para suas injustiças sociais e políticas.” O texto ainda reforçava que não se deve temer aqueles que falam de “questões sociais” e que são acusados de comunistas apenas por abordarem temas espinhosos.
A reação não demorou. O jornalista católico Bernardo Küster rebateu a interpretação usada pela Caritas, afirmando que Romero nunca defendeu o comunismo como sistema político e sempre deixou claro que a ideologia é incompatível com o Evangelho. Segundo ele, Romero apenas criticava o uso do termo “comunista” por governos ditatoriais para calar opositores, mas jamais apoiou o regime marxista.
A postura de Lancellotti e da Caritas gerou indignação entre católicos que defendem a posição de dom Adair. Para eles, pedir proteção contra o comunismo é legítimo e coerente com a tradição cristã. Já os críticos afirmam que há uma tentativa clara de silenciar vozes da Igreja que alertam para os perigos de regimes autoritários de esquerda.
O episódio expõe mais uma vez a divisão dentro do catolicismo brasileiro, onde parte da hierarquia eclesiástica insiste em relativizar o comunismo, enquanto líderes como dom Adair reafirmam sua total rejeição a esse sistema político que historicamente perseguiu e matou milhões de cristãos.