Judiciário está se metendo em tudo diz Motta

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez duras críticas ao Judiciário durante um evento com empresários realizado nesta segunda-feira (28/4) em São Paulo. Em seu discurso, Motta apontou que o Poder Judiciário está “se metendo em tudo”, o que, segundo ele, compromete gravemente a segurança jurídica no Brasil e afasta investimentos.

“Do ponto de vista da segurança jurídica, a interferência, muitas vezes de forma reiterada, do Judiciário atrapalha. O Judiciário está se metendo em praticamente tudo, e isso não é bom para o país. Acaba que não tem uma regra, e você não sabe como vai estabelecer o seu investimento”, declarou o parlamentar, refletindo a crescente insatisfação do setor produtivo com a atuação abusiva de setores da Justiça.

As críticas de Motta ocorrem justamente num momento em que há um movimento de aproximação entre os Poderes. Ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o deputado negocia com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a criação de um projeto de lei para reduzir as penas dos presos do 8 de Janeiro, buscando construir um acordo político para acalmar os ânimos no Congresso.

O projeto, ainda em fase de articulação, teria como principal objetivo esvaziar a pressão exercida por bolsonaristas que exigem a aprovação de uma anistia ampla, o que poderia beneficiar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A movimentação mostra a tentativa do sistema de controlar os danos sem permitir um verdadeiro resgate da justiça para os manifestantes perseguidos.

De acordo com informações de bastidores, os ministros Alexandre de Moraes e Roberto Barroso já teriam dado sinal verde para a proposta costurada entre Câmara, Senado e Supremo. O gesto evidencia a tentativa do establishment de construir um “meio termo” para desviar a atenção pública e evitar o fortalecimento do movimento conservador.

Paralelamente a essas articulações, Hugo Motta também defendeu com veemência a necessidade de promover o equilíbrio nas contas públicas. Para o deputado, é urgente “enxugar” a máquina estatal e restringir as despesas, sob pena de comprometer a estabilidade econômica do país no médio prazo.

“Nosso cenário de crescimento está pautado no consumo, mas temos crescimento. Geração de emprego acima da renda. Ao lado disso, deveria haver medidas para restringir a despesa e enxugar a máquina pública”, afirmou Motta, cobrando ações mais firmes para conter o inchaço governamental.

Desde sua eleição como presidente da Câmara, em 1º de fevereiro, Hugo Motta vem repetindo esse discurso de responsabilidade fiscal. Sua ênfase no tema mostra que, apesar das pressões políticas, ainda há lideranças preocupadas com a necessidade de corrigir os rumos da gestão pública e restaurar a confiança no país.