
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deixou claro em conversa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que uma proposta de anistia ampla, geral e irrestrita para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro dificilmente terá apoio suficiente para avançar no Legislativo. O recado expõe a resistência dentro da própria base aliada e mostra que o tema será um dos maiores embates políticos do Congresso.
A conversa ocorreu por telefone na manhã de 1º de setembro, justamente um dia antes do início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), no polêmico inquérito que vem sendo tratado como “golpe”. A proximidade das datas só aumentou o peso da discussão, revelando como a pressão por anistia se tornou uma pauta urgente para a oposição e seus aliados.
O diálogo também contou com a presença do deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente nacional da legenda, que acompanhava Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes. Ao ouvir o apelo em favor do projeto, Hugo Motta classificou a questão como “complexa” e admitiu que precisaria avaliar os detalhes do texto, mas sinalizou que dificilmente uma proposta que alcance diretamente Bolsonaro teria condições de prosperar.
Após a ligação, Tarcísio e Marcos Pereira entraram em contato com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), informando que pretendem se engajar de forma ativa na articulação política. O objetivo é buscar apoios no Congresso e pressionar pela aprovação da anistia, considerada essencial por aliados para corrigir o que chamam de excessos e perseguições jurídicas contra apoiadores e contra o próprio Bolsonaro.