Governo ignora alerta e arcabouço fiscal pode ruir já em 2027

O arcabouço fiscal aprovado em 2023 foi vendido pelo governo como um freio nos gastos públicos, mas a realidade começa a mostrar outra face. Com o crescimento das despesas obrigatórias, especialistas em contas públicas já alertam que as regras atuais podem não se sustentar por muito tempo. A bomba estaria programada para explodir a partir de 2027.

Um dos principais problemas é o aumento real do salário mínimo, usado como vitrine política, mas que pressiona diretamente as contas federais.

Ao mesmo tempo em que promete responsabilidade fiscal, o governo Lula tem ampliado os gastos com programas sociais e mantido privilégios intactos. A conta não fecha — e o risco de colapso cresce a cada ano.

O arcabouço depende de reformas profundas que até agora não saíram do papel. O crescimento vegetativo dos gastos obrigatórios está engolindo o espaço para despesas essenciais. Sem cortes, o país pode chegar a um cenário onde saúde, educação e infraestrutura fiquem sem recursos suficientes para funcionar com mínima eficiência.

Uma das saídas debatidas por economistas seria desindexar salários e benefícios do reajuste do salário mínimo e da inflação. Outra, ainda mais urgente, seria desvincular receitas de gastos obrigatórios. Mas essas medidas exigem coragem política — algo que o atual governo tem demonstrado pouco quando o assunto é enfrentar privilégios e pressões corporativas.

A inclusão dos precatórios no cálculo fiscal a partir de 2027 só piora a situação. Isso vai reduzir ainda mais a margem de manobra do governo, que já patina para cumprir as metas atuais. Sem ajustes estruturais, o risco de estourar o teto de gastos e mergulhar o país em um novo apagão orçamentário se torna real.

Enquanto isso, o discurso oficial segue tentando passar tranquilidade. Mas nos bastidores, técnicos do governo admitem que algo terá que ser feito — e logo. Se nada mudar, o Brasil pode encarar uma nova crise fiscal no início do próximo mandato. E mais uma vez, quem paga a conta é o povo.