Glenn Greenwald expõe o que Moraes se tornou após as eleições de 2022

A Comissão de Segurança Pública do Senado ouviu nesta quarta-feira (30) o jornalista Glenn Greenwald, que revelou áudios explosivos sobre o uso indevido da estrutura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo ministro Alexandre de Moraes para fins pessoais. Segundo Greenwald, o magistrado teria mobilizado assessores do TSE para investigações sem base legal, ainda durante a gestão das eleições de 2022, mas manteve esse poder até os dias atuais.

O jornalista norte-americano foi categórico ao afirmar que Moraes abusou de sua autoridade ao ocultar que as investigações tinham origem no Supremo Tribunal Federal (STF), utilizando sua influência no inquérito das Fake News como ferramenta de perseguição política. De acordo com Greenwald, os relatórios produzidos pela equipe do TSE serviam a interesses pessoais e políticos do ministro.

A denúncia mais grave apresentada durante a audiência foi o temor generalizado de juristas, advogados e especialistas em direito constitucional de se manifestarem publicamente contra o ministro. “Essas pessoas poderosas, com muita exposição no Brasil, disseram: ‘não consigo. Tenho medo’. Elas têm medo”, afirmou o jornalista, ao relatar que ele próprio considerou se valeria a pena enfrentar os riscos ao denunciar as práticas de Moraes.

Glenn também apontou que os superpoderes concentrados por Moraes durante o período eleitoral não foram devolvidos à institucionalidade. Segundo ele, o poder de censura concedido para enfrentar fake news em 2022 foi estendido de forma arbitrária e segue em uso até hoje, com impacto direto sobre a liberdade de imprensa e de expressão no país.

A fala de Greenwald foi acompanhada com atenção por senadores da oposição, que vêm cobrando há meses explicações do STF sobre a politização de inquéritos e a perseguição a vozes conservadoras. Moraes, convidado para a audiência, mais uma vez ignorou o Senado e não compareceu.

A sessão reforçou o temor de que as instituições brasileiras estejam sendo instrumentalizadas para calar adversários e manter a narrativa imposta por um grupo reduzido, porém muito poderoso. A ausência do ministro foi vista como mais um sinal de desprezo ao Parlamento e ao direito de resposta.