
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se pronunciou nesta semana após o partido conservador português Chega anunciar uma investigação própria sobre seu patrimônio, influência e rede de interesses em Portugal. A ação foi divulgada pelo deputado André Ventura, líder da sigla e uma das principais figuras da oposição em solo europeu.
Ventura afirmou que o Chega recebeu “milhares de denúncias” sobre supostas ligações políticas e econômicas de Gilmar com figuras próximas ao governo Lula. A investigação, segundo o parlamentar, será conduzida de forma independente, com foco em rastrear laços que beneficiariam o avanço da esquerda brasileira em território português. Em publicação feita na rede X (antigo Twitter), ele foi direto: “Esse tempo, no que depender do Chega, vai acabar.”
A fala de Ventura ocorre no contexto do evento organizado por Gilmar em Lisboa, apelidado por críticos de “Gilmarpalooza” — um encontro que reúne políticos, ministros, empresários e juristas brasileiros todos os anos na capital portuguesa. Para adversários, o fórum serve de palco informal para costuras políticas, fora do alcance institucional e longe da transparência que o cargo exige.
Gilmar respondeu com ironia e deboche. Disse que recebeu a notícia com “sorriso no rosto” e fez piada ao mencionar que outros anos do evento já foram alvos de críticas. O ministro ainda insinuou que a iniciativa teria sido incentivada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem classificou de forma sarcástica como “herói que está nos Estados Unidos”.
“Segundo me informam, seria um apelo do Eduardo Bolsonaro, esse herói que está nos Estados Unidos e que dizia que, com um cabo e um soldado, iria fechar o Supremo”, declarou Gilmar, numa tentativa de desqualificar o movimento. A resposta, no entanto, só aumentou o foco da oposição sobre sua atuação fora do país.
A ofensiva de André Ventura representa mais um capítulo do desgaste internacional do STF, que começa a chamar atenção até mesmo fora do Brasil. O avanço do Chega sobre a figura de Gilmar Mendes pode dar início a um processo que rompe a blindagem simbólica que a esquerda tenta manter entre o Judiciário brasileiro e aliados estrangeiros.