
O ministro Gilmar Mendes, do STF, resolveu comemorar nas redes sociais as manifestações da esquerda realizadas no domingo (21), que tiveram shows patrocinados com dinheiro público e discursos contra a anistia. Em sua publicação, o magistrado exaltou o ato como “a prova viva da força do povo brasileiro na defesa da democracia”, dizendo que o Supremo agiu com “coragem e firmeza” ao condenar os réus de 8 de janeiro.
Gilmar chegou a defender que esse movimento deveria se transformar em um “grande pacto nacional” entre os três poderes, alegando que o Brasil precisa de estabilidade e de avanços sociais e ambientais. Para o ministro, as manifestações representariam a rejeição definitiva a qualquer “ruptura democrática”.
A reação não demorou. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) classificou a fala de Gilmar como um “absurdo”. Em resposta publicada no X, Mourão questionou a imparcialidade da Suprema Corte: “Quando um ministro da Suprema Corte, sem ao menos disfarçar, celebra publicamente uma manifestação de cunho político, algo está muito errado. Me pergunto, mas já sei a resposta… será que um tribunal assim composto vai agir com imparcialidade em seus julgamentos, particularmente naqueles com viés político?”.
O episódio reacendeu as críticas sobre o comportamento do STF, acusado de atuar como ator político em vez de árbitro imparcial. Enquanto ministros festejam atos organizados pelo governo, cresce a percepção de que o tribunal já não representa a independência necessária para julgar questões que envolvem diretamente o cenário político nacional.
Mais uma vez, o Supremo se vê no centro da crise institucional, agora pressionado não apenas pela oposição no Congresso, mas também pelo olhar atento da sociedade que desconfia de sua neutralidade.