
O PT lotou ruas com shows de artistas financiados pelo dinheiro público, mas chamou de “manifestação democrática” um evento que mais parecia festival musical. Foi o suficiente para o ministro Gilmar Mendes celebrar o espetáculo, elogiando a mobilização e tentando vendê-la como prova da força popular.
O ministro afirmou que as ruas “defenderam a democracia” e exaltou o papel do STF como protagonista político. Chegou até a falar em “pacto nacional” entre Executivo, Legislativo e Judiciário. O problema é que essa narrativa soa artificial diante de um dado gritante: só em dois anos, o governo Lula despejou R$ 34,4 bilhões via Lei Rouanet, mais que o dobro dos quatro anos de Bolsonaro (R$ 16 bi).
Além disso, estatais como Banco do Brasil, Caixa, Petrobras e BNDES aumentaram em 250% os patrocínios culturais em 2024, injetando quase R$ 1 bilhão em shows e festivais. Justamente os artistas que vivem dessa dependência foram as atrações dos atos “espontâneos” exaltados por Gilmar. Ou seja, o que se vende como mobilização popular foi, na verdade, um espetáculo coreografado com verba pública.
O advogado Martin de Luca sintetizou a contradição: um juiz deveria representar imparcialidade, mas Gilmar prefere se comportar como ator político, celebrando atos em que o STF é ovacionado como parte do poder. Ele classificou o episódio como ativismo político disfarçado de independência judicial.
No fim das contas, fica a constatação: a democracia verdadeira não precisa de shows patrocinados nem de ministros militantes. Precisa de justiça independente, que aplique a lei sem se misturar ao jogo político. O resto é pura encenação bancada com o dinheiro do contribuinte.