Guilherme Boulos foi homenageado pelo Esfera Brasil, que se autodenomina um “think tank independente e apartidário”. Qualquer entidade que homenageie Guilherme Boulos pode ser tudo, menos “independente e apartidário”. E que fique claro que não sou contra o diálogo, até com o Boulos. Mas diálogo é uma coisa, homenagem é outra bem diferente.

E o que disse Boulos na cerimônia em sua homenagem? Que as taxas de juros são muito altas no Brasil por pressão da Faria Lima. Segundo a reportagem, Boulos decidiu dar um verniz técnico para defender seu ponto: segundo o novo ministro, o risco-país do México seria três vezes o brasileiro, e a taxa de juros lá é menor que a nossa. Portanto, deveríamos começar a olhar o Brasil a partir do ponto de vista do estrangeiro.

Não sei de que mercado Boulos tirou os preços do risco-país. Vai ver que foi da feirinha de produtos orgânicos do MST. No mercado real, o CDS (Credit Default Swap) do Brasil está em mais de 40% superior ao do México. Vale lembrar que o México conquistou seu grau de investimento em 2002 e nunca mais o perdeu.

O risco-país é apenas um dos fatores para a determinação dos juros locais. O CDS é um seguro contra o default da dívida externa. Com reservas internacionais no nível que temos, é natural que o CDS do Brasil esteja relativamente baixo. O problema da nossa taxa de juros não se resume à probabilidade de default da dívida externa. A questão principal é a incerteza sobre a inflação futura. Sim, porque sem um equacionamento da questão fiscal, inflação mais alta é a única saída.

Matéria publicada na imprensa afirma que Boulos quer ganhar os empresários colocando-se ao seu lado contra a “Faria Lima”, a única culpada pelos juros altos. Só se for os empresários do grupo Esfera. Empresários não comprometidos com uma agenda ideológica sabem que o problema dos juros altos não está na Faria Lima, mas na Praça dos Três Poderes. É ali que a moeda nacional é fabricada e inflacionada. O BC, aliás sob a liderança de um preferido de Lula, só se dedica a enxugar o gelo.

Boulos, viciado pela dinâmica da luta de classes, acha que pode se aproveitar da luta entre a classe empresarial e a classe financeira. Como se a maioria do empresariado já não tivesse aprendido que, se tem uma classe que é culpada por esse estado de coisas é a classe política, especialmente do espectro ideológico do ministro.

Jornal da cidade

By Jornal da Direita Online

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