
O PDT deixou claro que não aceitará passivamente uma eventual demissão do ministro Carlos Lupi, cada vez mais enredado no escândalo de fraudes envolvendo o INSS. A posição do partido sinaliza que a crise pode se transformar em uma nova dor de cabeça para o presidente Lula, que já enfrenta forte desgaste público.
O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG), foi direto ao afirmar que a saída de Lupi significaria também o afastamento do partido do governo. Segundo ele, se Lula demitir o ministro da Previdência Social, o PDT não aceitará indicar um novo nome para o cargo. “Advogo a posição que nenhum de nós volte para esse ministério, porque não há possibilidade de fingir que o nosso companheiro não foi atingido”, declarou.
Na prática, Heringer deixou claro que o rompimento político será inevitável se Lupi for sacrificado para tentar estancar a crise. O PDT, que até aqui tem dado sustentação importante a Lula no Congresso, ameaça agora retirar seu apoio, aprofundando ainda mais a instabilidade na base aliada do Planalto.
Com o partido pressionando para manter Lupi a qualquer custo, Lula se vê num dilema. Demitir o ministro significaria comprar uma briga política que poderia custar caro no Congresso. Por outro lado, mantê-lo significa assumir publicamente o ônus do desgaste e o risco de ver a crise do INSS respingar ainda mais forte em seu próprio governo.
A situação de Lupi já era delicada e, agora, se aproxima do insustentável. A cada nova denúncia sobre irregularidades no INSS, a permanência do ministro se torna mais difícil de justificar diante da opinião pública, embora politicamente o governo esteja encurralado.
O episódio mostra como a fragilidade política de Lula se acentua à medida que escândalos e pressões partidárias se acumulam. O presidente terá que escolher entre manter Lupi e arcar com a indignação popular ou demiti-lo e arriscar uma ruptura com parte de sua base já enfraquecida.