
Réu no Supremo Tribunal Federal por ofensas diretas a Alexandre de Moraes, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) decidiu recuar. Temendo perder o mandato, ele se reuniu pessoalmente com o ministro no mês passado para pedir desculpas. No passado, o parlamentar o chamou de “canalha”, “lixo” e outros termos fortes em transmissões ao vivo. A reviravolta aconteceu com a entrega de uma carta manuscrita, na qual ele afirma estar “arrependido” e “tomado por forte emoção”.
A atitude de Otoni vem após ser denunciado pela PGR por difamação, injúria e coação, em 2020. Em 2023, o STF aceitou a denúncia e o transformou em réu. O caso segue nas mãos do ministro Kassio Nunes Marques, e pode culminar na perda de seu mandato. Durante o encontro, segundo o próprio deputado, Moraes se portou de forma “respeitosa”, o que serviu para tornar o pedido de perdão mais formal.
Otoni, que já foi vice-líder do governo Bolsonaro, afirmou que vai continuar fazendo críticas à Suprema Corte, mas sem ataques pessoais. Disse também que “ultrapassou os limites” e que sua postura afetou sua honra como pastor e político. A mudança no tom parece ser uma tentativa clara de manter o cargo e preservar sua imagem, especialmente junto à sua base evangélica.
A carta ao ministro expressa um desejo de “redenção” e faz referência direta ao impacto das decisões judiciais sobre sua vida pessoal e profissional. Com isso, Otoni espera sensibilizar o STF e reverter o desgaste de sua situação jurídica. A Corte ainda não se manifestou sobre o conteúdo da carta ou sobre o andamento do julgamento.
Nos bastidores, aliados acreditam que a atitude do deputado revela o medo real de um cerco se fechar. O caso é simbólico para mostrar até onde vão os poderes concentrados nas mãos de Moraes, que não tolera ser criticado nem mesmo por quem tem mandato popular. E mais uma vez, o Judiciário se apresenta como árbitro supremo da política brasileira, enquanto a imunidade parlamentar vai se esvaindo em silêncio.