
A reação tímida de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, diante da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, revoltou lideranças do próprio partido. Um dos primeiros a se manifestar foi o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), que disparou sem rodeios: “Que nota mais imbecil é essa? Pelo amor de Deus”. A frase foi publicada em resposta à nota oficial do partido, que se limitava a um lacônico: “Estou inconformado!!!!! O que mais posso dizer?”.
A declaração de Gayer escancarou um racha interno no PL, com a base cobrando uma postura mais firme do partido diante da perseguição escancarada contra o ex-presidente. A prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada por Alexandre de Moraes, incluiu busca e apreensão, confisco de celular e ampliação de restrições já impostas. O cerco jurídico parece ignorar qualquer limite institucional ou democrático.
Moraes acusa Bolsonaro de ter participado remotamente das manifestações em Copacabana, e de ter supostamente influenciado postagens feitas por terceiros – incluindo seus próprios filhos – para “instigar ataques ao STF”. Essa justificativa foi considerada absurda por juristas e analistas políticos, que apontam para uma clara tentativa de criminalizar a liberdade de expressão e a atuação política legítima.
O caso teve repercussão internacional imediata. O Departamento de Assuntos do Hemisfério Ocidental, ligado ao governo Donald Trump, condenou a decisão, chamando Moraes de “violador de direitos humanos”. O alerta foi claro: o Brasil está sob risco de sofrer sanções mais duras por conta da escalada autoritária do Supremo. O desgaste diplomático aumentou após o governo Lula ignorar um pedido oficial de suspensão do julgamento.
Trump, cumprindo o que havia sinalizado, aplicou tarifas adicionais contra produtos brasileiros, evidenciando o rompimento crescente com os EUA. Enquanto isso, a base conservadora exige reação – não apenas de figuras como Gayer, mas também de todo o Congresso, que assiste calado ao avanço de um modelo judicial cada vez mais incompatível com a democracia.