
Enquanto J. R. Guzzo não poupa palavras e descreve Lula como o que é — um corrupto reincidente apoiando uma aliada igualmente condenada —, a jornalista Eliane Cantanhêde prefere fingir neutralidade, tratando a visita do petista a Cristina Kirchner como se fosse apenas um “erro de cálculo político”. A análise dela, como sempre, gira em torno da aparência, e não da essência do gesto.
Em sua coluna, Cantanhêde chega ao cúmulo de comparar a visita a Kirchner ao boicote de Javier Milei à cúpula do Mercosul, como se uma visita pessoal a uma corrupta fosse equivalente a um protesto diplomático de um chefe de Estado que, diferentemente de Lula, não beija a mão de bandidos condenados pela Justiça.
Além disso, a jornalista tenta relativizar a afronta ao Judiciário argentino, esquecendo convenientemente que o PT sempre atacou o Judiciário brasileiro, desde o mensalão até o petrolão. Para ela, “pode parecer” que Lula desrespeita a Justiça. Não, Eliane, parecer não — Lula de fato apoia os que a Justiça já condenou.
Cantanhêde também menciona que Cristina Kirchner não visitou Lula em sua prisão. Esquece-se, porém, de que Alberto Fernández, na condição de candidato, foi pessoalmente a Curitiba pagar pedágio à esquerda continental. O mesmo Alberto que hoje enfrenta uma crise provocada justamente pelo aparelhamento e corrupção herdados da era Kirchner.
Para Eliane Cantanhêde, o problema não é Lula bajular uma corrupta — é que isso pode “pegar mal” perante os bolsonaristas. A velha imprensa, cada vez mais militante, já não tenta esconder seu lado. E o lado é o de quem vive de justificar o injustificável, defendendo o indefensável.