
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, usou a abertura da sessão plenária desta quarta-feira (17) para se pronunciar sobre as sanções impostas pelos Estados Unidos a ministros da Corte. Visivelmente incomodado, ele afirmou que seria “injusto punir magistrados que, com coragem e independência, cumpriram o seu papel”.
A fala ocorreu dias após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão, decisão que vem sendo classificada por autoridades internacionais como um julgamento político.
Barroso alegou que o processo contra Bolsonaro foi “amplamente baseado em provas” e disse que a punição americana também atinge empresas e trabalhadores brasileiros. Tentando afastar o peso das críticas, declarou que não existe “caça às bruxas” contra a direita e que todas as medidas adotadas pelo STF estariam dentro da legalidade. No entanto, a justificativa dos EUA para as sanções foi justamente a violação de direitos humanos e a perseguição a adversários políticos.
Em tom alarmista, o ministro citou supostos “planos para assassinar” o presidente da República e Alexandre de Moraes, além de uma “minuta golpista” e até um discurso pós-golpe que teria sido preparado por Bolsonaro. Nenhuma prova concreta foi apresentada, o que reforça a percepção de que o Supremo Tribunal Federal vem atuando de maneira política para intimidar a direita brasileira e consolidar o poder do atual governo.
Negando acusações de censura, Barroso afirmou que no Brasil “vigora a mais plena liberdade de expressão”. O discurso, no entanto, contrasta com a realidade de centenas de cidadãos, jornalistas e parlamentares que tiveram redes sociais censuradas, contas bloqueadas e conteúdos removidos por ordem do STF. A contradição ficou ainda mais evidente diante do cenário internacional, em que a Corte brasileira passou a ser vista como símbolo de autoritarismo.
Para tentar suavizar o desgaste, Barroso ressaltou suas ligações com os Estados Unidos, lembrando que estudou em Michigan, Yale e Harvard, além de ter atuado como professor na Kennedy School. Ele disse ter “amizades conservadoras” no país e afirmou admirar instituições americanas. Apesar do tom conciliador, a fala deixou claro o desconforto com o fato de que justamente os EUA — país que ele tanto exalta — foram os primeiros a impor restrições contra ele e outros ministros do STF.