Aliados do advogado-geral da União, Jorge Messias, admitem nos bastidores que há pouquíssimo espaço para reverter votos no Senado e garantir sua nomeação ao Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação interna é de que um eventual adiamento da sabatina para 2026 apenas ampliaria o desgaste e deixaria Messias ainda mais vulnerável. Segundo essa leitura, o AGU já enfrenta forte resistência e teria dificuldade de conquistar novos apoios.
A percepção entre governistas é que o cenário está praticamente consolidado: quem pretende votar a favor de Messias já está decidido, enquanto a ala contrária —especialmente parlamentares alinhados a Jair Bolsonaro— dificilmente será “convertida”. Isso reduz drasticamente o espaço para articulações e esvazia a esperança de uma reviravolta. O clima é de apreensão, já que a base do governo admite que não tem votos sobrando.
Por esse motivo, aliados defendem que a sabatina ocorra ainda em dezembro, antes do recesso do Congresso. Para eles, empurrar o processo para 2026 —ano eleitoral— seria abrir caminho para uma fase prolongada de críticas, investigações paralelas e exposição negativa. A preocupação é com a chamada “fritura política”, que poderia minar de vez as chances do AGU de chegar ao Supremo.
Messias, que já enfrenta dificuldades públicas e privadas com setores do Senado, não teria, segundo aliados, margem para um longo “tour de convencimento”. A avaliação é que quanto mais tempo passar, pior ficará o ambiente, principalmente diante do desgaste provocado pelas denúncias envolvendo o Sindnapi, entidade ligada ao irmão de Lula. O risco é que novos fatos agravem a resistência política.
O Planalto também teme que a crise de relacionamento com o Senado, agravada pelo atraso na chegada da mensagem oficial de indicação, amplie o isolamento de Messias. O governo enfrenta um momento delicado na Casa, e cada sinal de fragilidade aumenta o poder dos parlamentares sobre a agenda do Executivo. Por isso, a ordem nos bastidores é tentar resolver tudo antes do fim do ano.