Condenada a 15 anos de prisão por corrupção, a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, ganhou abrigo no Brasil com apoio direto de figuras ligadas ao PT. A defesa da peruana está sendo conduzida por Marco Aurélio de Carvalho, advogado petista e coordenador do grupo Prerrogativas — conhecido por defender Lula e criticar a Lava Jato. A ligação política é evidente.
Segundo o próprio Marco Aurélio, sua atuação começou ainda antes da eleição de 2022. Ele diz ter assumido o caso de forma voluntária e gratuita, a pedido dos advogados que defendem Nadine.
O envolvimento do grupo Prerrogativas no caso tem levantado suspeitas sobre o uso político da concessão de asilo. O governo brasileiro insiste que seguiu tratados internacionais.
Além da defesa jurídica, o advogado também justificou o uso de um avião da Força Aérea Brasileira para trazer Nadine ao país. Ela desembarcou em Brasília acompanhada do filho, após conseguir salvo-conduto no Peru. “Todas as regras diplomáticas foram observadas”, afirmou Marco Aurélio, tentando afastar críticas de favorecimento político.
Nadine foi condenada ao lado do marido, o ex-presidente Ollanta Humala, por lavagem de dinheiro envolvendo a Odebrecht e o chavismo venezuelano. O casal teria recebido recursos ilegais para campanhas eleitorais. Ambos negam as acusações e se dizem perseguidos políticos, uma narrativa já bastante conhecida entre os aliados do Foro de São Paulo.
A repercussão, no entanto, foi péssima. No Peru, a decisão de Lula gerou manchetes como “Entre corruptos, se protegem”. Políticos e juristas classificaram o asilo como “irregular e ofensivo”. No Brasil, nomes como Carla Zambelli e Deltan Dallagnol criticaram duramente a atitude do governo, apontando um novo vexame diplomático.
O Ministério das Relações Exteriores formalizou o asilo um dia antes da chegada de Nadine. O chanceler Mauro Vieira alegou que o Brasil apenas cumpriu a Convenção de Caracas, assinada em 1954. Ainda assim, a manobra reforça a imagem de que o governo Lula transformou o país em um refúgio para condenados por corrupção.