
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou nesta quarta-feira (3) sua sustentação oral no julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados contestaram de forma contundente a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, denunciaram falhas processuais e ressaltaram a completa ausência de provas que vinculem Bolsonaro à chamada “minuta do golpe” ou aos atos de 8 de janeiro de 2023.
O advogado Celso Vilardi afirmou que o ex-presidente foi “dragado” pelos acontecimentos, sem jamais atentar contra a democracia:
“Esse papel, essa minuta, esse depoimento… não há uma única prova que atrele o presidente à Operação Punhal Verde e Amarelo, à Operação Luneta ou ao 8 de Janeiro.”
Vilardi ainda reforçou que nem mesmo Mauro Cid, tido como delator-chave, apontou participação direta de Bolsonaro em qualquer conspiração:
“Nem o delator, que sustento que mentiu, chegou a dizer que houve participação em Punhal, em Luneta, na Copa de 2022 ou no 8 de janeiro.”
Outro ponto destacado foi a pena desproporcional de até 30 anos de prisão, algo considerado um absurdo diante da inexistência de provas. Os advogados também denunciaram a desigualdade no andamento do processo: a defesa teve apenas 15 dias para analisar bilhões de documentos, enquanto o Ministério Público e a Polícia Federal dispuseram de meses de investigação.
Vilardi foi direto:
“Em 34 anos de advocacia, é a primeira vez que eu venho à tribuna para dizer: eu não conheço a íntegra desse processo. Nós não tivemos acesso à prova como o Ministério Público teve.”
O discurso da defesa ecoa entre críticos da Corte, que apontam que o julgamento já nasceu marcado por ilegalidades, pressa incomum e perseguição política.