
O senador Fabiano Contarato, conhecido por sua guinada ideológica oportunista, surpreendeu ao ser o único parlamentar do PT a assinar a CPMI do INSS. A decisão não partiu de um súbito zelo pela verdade ou pela justiça, mas sim do puro desespero de quem enxerga o fim do mandato se aproximando e sabe que a reeleição está cada vez mais distante. O gesto foi calculado, mirando apenas a sobrevivência política.
Contarato tenta agora parecer um defensor do povo, mas quem o acompanhou desde o início sabe bem o tipo de jogo que ele joga. Na campanha de 2018, o então candidato capixaba usou um discurso conservador, defendeu a família, falou firme sobre segurança pública e chegou até a se posicionar contra o aborto. Foi assim que conseguiu votos — enganando o eleitor com bandeiras que abandonaria sem o menor pudor.
Depois de eleito, rompeu com o partido que lhe garantiu o cargo e correu direto para os braços do PT. Desde então, passou a reproduzir fielmente as pautas da esquerda, traindo suas promessas de campanha e os eleitores que acreditaram na sua palavra. A incoerência virou marca registrada do seu mandato no Senado, sempre guiado pelo vento do oportunismo político.
Agora, ao assinar a CPMI da INSS, Contarato desafia a cúpula petista não por coragem ou independência, mas porque sabe que precisa desesperadamente reconstruir a ponte com o eleitorado capixaba — que, em sua maioria, reprova a postura da esquerda e está cansado de políticos sem palavra. O que vemos é mais um capítulo do velho teatro da conveniência eleitoral.
O gesto de Contarato é o retrato da crise moral da política brasileira: gente que promete uma coisa, faz outra, e na reta final tenta posar de herói. Mas o povo já acordou. O capixaba sabe muito bem quem é quem, e não se deixa mais enganar por discursos de última hora. Contarato pode até tentar parecer conservador outra vez, mas sua ficha já está carimbada.