
O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu se manifestar contra uma reportagem publicada pela conceituada revista britânica The Economist, que fez duras críticas à concentração de poder nas mãos de Alexandre de Moraes. O que era para ser uma simples nota institucional acabou se transformando em uma verdadeira confissão de parcialidade, algo gravíssimo para quem deveria agir com total isenção no mais alto tribunal do país.
Em sua resposta, Barroso tentou desqualificar a matéria afirmando que ela reproduz a “narrativa dos que tentaram o golpe de Estado”. A declaração, além de imprecisa, soa como uma admissão de que o STF já tem lado definido, mesmo quando os processos relacionados ao 8 de janeiro ainda estão em andamento. A fala escancara o que muita gente já suspeitava: o julgamento já foi feito nos bastidores, e o resto é apenas um teatro para validar uma condenação previamente decidida.
O mais preocupante é que essa postura parte do presidente da Corte, responsável por zelar pela legalidade, imparcialidade e equilíbrio das decisões. Ao dizer que houve uma tentativa de golpe — sem sentença judicial que comprove isso — Barroso compromete não apenas sua imagem, mas a de todo o Judiciário. Como um tribunal que assume publicamente o resultado de um julgamento ainda não finalizado pode se considerar legítimo para conduzi-lo?
A situação fica ainda mais escandalosa quando se observa o contexto: um Supremo que age como ator político, definindo narrativas e atacando qualquer questionamento vindo da imprensa ou da oposição. A crítica da The Economist, longe de ser agressiva, apenas levantou um alerta que o mundo inteiro já percebe: no Brasil, ministros do STF concentram poder demais, censuram, prendem e julgam, muitas vezes com base em interpretações subjetivas e decisões monocráticas.
Barroso, em vez de responder com serenidade e foco técnico, preferiu militar em nome do ativismo togado. Em sua ânsia por defender Moraes, acabou confirmando o pior: o Supremo não está apenas julgando, está também acusando. E um juiz que acusa não pode julgar. A separação entre poderes virou figura de linguagem, e a imparcialidade virou lenda urbana. Estamos vendo a democracia ser corroída em nome de uma narrativa conveniente ao sistema.
Diante disso, a única conclusão possível é que o STF, especialmente sob as declarações de Barroso, perdeu as condições mínimas para continuar à frente desses processos. Um tribunal que assume publicamente o resultado de um julgamento sem sequer ouvir todas as defesas não é mais um tribunal — é um palco. E o Brasil, infelizmente, está assistindo a esse espetáculo jurídico de braços cruzados.