
A crise de imagem do Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou mais um capítulo polêmico após a repercussão do gesto obsceno feito pelo ministro Alexandre de Moraes durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras, na Neo Química Arena, na quarta-feira (30). O episódio aconteceu dias após a aplicação da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos contra o magistrado, que agora é visto internacionalmente como violador de direitos humanos.
O ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello, não poupou críticas à conduta do colega. Ao ser informado do ocorrido, disse ter ficado incrédulo, acreditando inicialmente tratar-se de “montagem ou fake news”. Para ele, o gesto de Moraes foi “obsceno e incompatível com a postura que se espera de um integrante da Suprema Corte”.
Marco Aurélio recordou episódios recentes que já haviam causado constrangimento ao Judiciário, como a frase “perdeu, mané”, dita pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a um manifestante em Nova York. “Foi uma extravagância sem precedentes. Agora temos um xingamento disfarçado em pleno estádio. Em que tempo estamos vivendo?”, questionou.
O ex-ministro ainda expressou preocupação com o desgaste da imagem do STF diante da população e aproveitou para deixar um recado ao colega: “Será que vamos ter que fechar o país para balanço e repensar os rumos do Judiciário? Imagino que Moraes esteja profundamente arrependido. Sinceramente, não queria estar na pele dele agora”, afirmou.
Em tom de alerta, Marco Aurélio destacou a distância cada vez maior entre ministros do STF e a sociedade, lembrando que durante seus anos na Corte sempre caminhou livremente sem hostilidade, ao contrário do que ocorre hoje, quando membros do Supremo precisam de escolta para aparecer em público. “Isso mostra que há algo muito errado”, concluiu.