
Jair Bolsonaro já passou por 12 cirurgias desde a facada que sofreu de um militante de esquerda, e não há qualquer anormalidade em precisar de outro procedimento após anos de sequelas acumuladas. A defesa apresentou um pedido médico claro, embasado e urgente. Ainda assim, o ministro Alexandre de Moraes decidiu duvidar da necessidade cirúrgica, colocando-se como uma espécie de “médico da República”, mais uma entre suas muitas atribuições autoassumidas ao longo desses processos politizados.
A petição apresentada pela defesa em 9 de dezembro solicita autorização para que Bolsonaro seja submetido a procedimentos cirúrgicos no hospital DF Star, onde sempre realizou seus tratamentos. Em vez de acatar o pedido diante do histórico grave do ex-presidente, o ministro determinou que a Polícia Federal realize uma perícia médica oficial no prazo de 15 dias. Na prática, isso significa postergar um quadro que pode evoluir rapidamente, sobretudo em alguém que tem histórico de aderências intestinais e riscos conhecidos.
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No despacho, Moraes argumenta que Bolsonaro “não alegou necessidade cirúrgica no momento da prisão”, como se o ex-presidente tivesse obrigação ou capacidade técnica para diagnosticar eventos médicos complexos. A exigência revela não apenas desconhecimento clínico, mas um claro desprezo pela gravidade do estado de saúde de quem carrega sequelas permanentes de um atentado. Ignorar o caráter imprevisível de obstruções intestinais é agir de forma temerária.
Esses 15 dias impostos por Moraes podem ser decisivos e representam risco real de agravamento, algo amplamente reconhecido pela medicina. A demora imposta pelo ministro soa mais como punição adicional do que como zelo processual. Em vez de assegurar condições mínimas de saúde ao preso, a decisão adota um viés restritivo injustificável, colocando em xeque a humanidade que deveria nortear qualquer autoridade judicial, especialmente diante de um quadro clínico frágil.
A determinação de Moraes foi recebida por muitos como mais um gesto de rigidez desumana, incompatível com a situação médica de Bolsonaro. Para especialistas, quando há risco de evolução rápida, o tempo não é um detalhe: é um fator de vida ou morte. A insistência do ministro em dificultar o acesso imediato ao tratamento reforça a percepção de que o processo extrapolou os limites jurídicos e ingressou no campo das disputas políticas travestidas de decisões técnicas.
