
A ministra da articulação política, Gleisi Hoffmann, criticou duramente a nomeação do deputado Guilherme Derrite como relator do projeto que visa equiparar facções criminosas a organizações terroristas, afirmando que tal decisão “contamina o debate com os objetivos eleitoreiros de seu campo político”.
Hoffmann acusou que a escolha de Derrite, ligado ao governo do estado de São Paulo e ao partido do governador Tarcísio de Freitas, tem menos a ver com a pauta de segurança pública e mais com manobras políticas e futuras eleições.
Ela argumentou que colocar nas mãos de um aliado de outro grupo político um tema considerado prioritário para o governo federal gera uma percepção de descompasso, de que a pauta foi protegida por interesses partidários e não pelo mérito técnico ou relevância institucional.
Para ela, isso fragilita o esforço de enfrentamento das organizações criminosas ao dar aos adversários a impressão de que o texto será usado como arma eleitoral ou para atender segmentos que favorecem agendas contrárias à do Executivo.
Segundo Gleisi Hoffmann, a legitimidade da proposta fica abalada quando a sociedade passa a acreditar que o processo legislativo está sendo instrumentalizado para fins diferentes do combate efetivo ao crime: “Quando a escolha do relator deixa de visar a qualificação da lei e passa a visar cálculos eleitorais, todo o debate perde”, afirmou.
Essa visão reforça a crítica de que há um desalinhamento entre o discurso de rigor na segurança e as práticas políticas que cercam a tramitação de leis sensíveis.
Em síntese, a declaração da ministra revela um cenário em que a política operacional de combate ao crime pode estar sendo colocada em segundo plano diante de estratégias de poder. Para quem acredita que o Estado deve se concentrar na ordem, na segurança e na proteção da sociedade, o sinal de que o debate está “contaminado” por interesses eleitorais é motivo de alerta.
