
O ex-capitão do Bope e roteirista do filme Tropa de Elite, Rodrigo Pimentel, fez um duro alerta sobre o avanço do crime organizado no Brasil, classificando-o como uma ameaça direta à soberania nacional. Em entrevista à Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (28), Pimentel afirmou que o país enfrenta uma situação mais grave do que a da Colômbia nos tempos das Farc, já que aqui grandes áreas urbanas estão sob controle de facções.
“Não há em Bogotá ou Medellín áreas urbanas dominadas como as do Rio. Esqueça a Colômbia”, disse o ex-capitão. A declaração foi dada no mesmo dia da megaoperação contra o Comando Vermelho, que mobilizou 2.500 agentes e deixou 64 mortos, incluindo quatro policiais. Pimentel argumenta que o Brasil vive um Conflito Armado Não Internacional (CANI) — uma guerra interna prolongada entre forças do Estado e grupos armados, semelhante aos conflitos observados em Síria, Nigéria e Burkina Fasso.
O ex-oficial criticou duramente a falta de entendimento das autoridades e da imprensa, afirmando que “Lula, o STF e boa parte da esquerda não compreendem o que está acontecendo”. Para Pimentel, o uso de drones, barricadas e táticas de guerra urbana pelos criminosos configura um cenário de terrorismo interno. “São 700, 800 bandidos armados com fuzis. Isso não é criminalidade comum, é guerra.” Ele também lamentou as restrições judiciais que impedem ações mais efetivas, lembrando que “sem autorização judicial, nem o Exército pôde apreender as armas durante a ocupação do Alemão”.
O ex-capitão cobrou ainda o silêncio das ONGs e autoridades diante da morte de inocentes em disputas entre facções. “Quero ver a ONG Fogo Cruzado se pronunciar sobre a dona Marli, que morreu dentro de casa com um tiro na cabeça, sem polícia na rua”, criticou. Para ele, quatro milhões de pessoas vivem hoje atrás de barricadas impostas pelo tráfico, o que representa uma humilhação nacional. “Temos cidadãos vivendo sob leis das facções. Isso é a negação da soberania e da dignidade humana”, declarou.
Pimentel encerrou o alerta cobrando um posicionamento firme das autoridades, denunciando o silêncio conveniente de ministros e da esquerda: “A barricada é o início da marcação do feudo. Mas você não vai encontrar uma declaração do ministro Lewandowski sobre isso.” O ex-Bope resume o drama do país: enquanto o governo fala em diálogo, as facções armam seus exércitos.
