O Conselho da Paz da Noruega anunciou nesta sexta-feira (25) o cancelamento da cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz destinada à líder opositora venezuelana María Corina Machado, gesto que provocou forte repercussão internacional. Embora o evento tenha sido suspenso, a premiação segue válida, já que o reconhecimento foi concedido oficialmente pelo Comitê Norueguês do Nobel, órgão autônomo responsável pela escolha dos laureados.
O comunicado divulgado pelo Conselho — que reúne 17 entidades independentes — alega que a homenagem “não correspondia aos princípios e valores da instituição”. A presidente do órgão, Eline H. Lorentzen, classificou a medida como “difícil, mas necessária”, sem, no entanto, detalhar quais seriam as supostas razões éticas que justificariam a exclusão da cerimônia. A decisão foi amplamente interpretada como pressão política de grupos alinhados ao regime de Nicolás Maduro, que tem buscado deslegitimar a opositora internacionalmente.
María Corina Machado é reconhecida mundialmente como símbolo da resistência democrática na Venezuela, após enfrentar perseguições, ameaças e proibições eleitorais impostas pela ditadura chavista. Sua escolha para o Nobel da Paz foi celebrada por lideranças conservadoras e democratas de diversos países como um ato de coragem contra o autoritarismo latino-americano. Agora, o cancelamento da cerimônia é visto como uma mancha na neutralidade política da Noruega, país historicamente associado à diplomacia e à defesa dos direitos humanos.
Nos bastidores, fontes diplomáticas apontam que o governo venezuelano teria pressionado discretamente autoridades norueguesas, ameaçando rever acordos energéticos e de cooperação se o evento fosse mantido. A atitude do Conselho da Paz é encarada como uma capitulação vergonhosa diante da tirania de Maduro, gerando críticas de que o Ocidente está se curvando à influência de regimes autoritários. Apesar da tentativa de esvaziar o prêmio, o nome de María Corina Machado permanece inscrito na história como a mulher que desafiou o chavismo e venceu o medo.