
A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), lançou nesta quinta-feira (9) uma etapa adicional da Operação Sem Desconto, direcionada ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), ligado a José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula.
A ofensiva ocorreu em oito estados brasileiros e no Distrito Federal, com a execução de 66 ordens de busca e apreensão expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).Nas ações, os investigadores federais recolheram vários automóveis de alto padrão, incluindo uma Ferrari, um Porsche, veículos Jeep, um Mini Cooper e uma moto Ducati.
Além disso, foram sequestrados cofres, armamentos, cartuchos e valores em dinheiro vivo. A PF destacou que todos os itens confiscados serão submetidos a perícias técnicas, sem revelar os donos dos bens.As incursões aconteceram em São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal.
A operação apura um suposto esquema de deduções indevidas em folha de pagamentos do INSS.Relatórios da CGU repassados à CPMI do INSS indicam que o Sindnapi omitiu do Instituto Nacional do Seguro Social a presença de Frei Chico em sua diretoria. A norma legal veda convênios entre entidades civis e instituições públicas na presença de parentes próximos de autoridades políticas em posições de liderança.
O sindicato submeteu uma declaração inverídica ao celebrar o convênio com o INSS, alegando cumprimento das normas vigentes. “Ao esconder o laço familiar direto entre um de seus líderes e o chefe do Executivo federal, o sindicato gerou uma ilusão de conformidade que levou os entes públicos a se equivocarem”, observou a CGU.Frei Chico assumia o posto de diretor nacional de Representação dos Aposentados Anistiados no Sindnapi no momento da assinatura da declaração, em junho de 2023.
Hoje, ele atua como vice-presidente da organização.A apuração da Operação Sem Desconto revela que o sindicato captou aproximadamente R$ 259 milhões em contribuições de filiados de janeiro de 2019 a março de 2024. A PF e a CGU investigam eventuais delitos como inclusão de informações falsas em plataformas oficiais, constituição de quadrilha e branqueamento de capitais via parcerias com associações e firmas intermediárias.
Os peritos ainda examinam evidências de dissimulação e esbanjamento de patrimônio, com movimentações financeiras duvidosas que poderiam ter servido para encobrir a procedência dos ganhos do suposto esquema.Em nota oficial, o Sindnapi manifestou “surpresa” com a execução das ordens judiciais e refutou qualquer participação em irregularidades.
“A entidade reafirma seu repúdio e sua revolta diante de acusações de crimes, e demonstrará a integridade de suas ações, sempre voltadas ao bem-estar de seus membros”, asseverou o sindicato.