
A epopeia da flotilha que singrava os mares rumo à Faixa de Gaza parecia coisa de cinema. Uma jovem ativista internacionalmente famosa, Greta Thunberg, acompanhada de outros “heróis” anônimos, incluindo alguns brasileiros internacionalmente desconhecidos, dispunham-se a enfrentar a hostilidade de uma zona de guerra, onde foguetes cruzam os céus e drones sobrevoam diariamente. O tom era de bravura, desafiar Israel, mostrar solidariedade à causa palestina e, claro, colher manchetes heroicas nos jornais do mundo.
Foram, como era previsível, interceptados pelas Forças de Israel. Mas, ao contrário da narrativa de terror que alguns esperavam, não foram jogados em masmorras escuras nem tratados como prisioneiros de guerra. Receberam segurança, foram levados a alojamentos adequados e tiveram todo o conforto necessário. Ou seja, nada que lembrasse as condições dramáticas que eles juravam estar dispostos a enfrentar e que vivem os israelenses sequestrados pelos terroristas do Hamas mantidos em condições sub-humanas nos túneis/masmorras de Gaza.
E foi então que a coragem vacilou. Não diante de soldados armados, não diante de sirenes de ataque aéreo, não diante da realidade brutal de um conflito histórico. Mas diante de um inimigo traiçoeiro, microscópico e muito mais assustador: os percevejos. Esses insetos de poucos milímetros, inimigos íntimos de colchões e lençóis, foram capazes de transformar a bravura contra Israel em puro pânico doméstico.
Quem se dizia preparado para enfrentar tanques e mísseis acabou sucumbindo ao medo de um inseto rasteiro. É a ironia dos “heróis de ocasião”, que são fortes nos discursos contra Israel, mas frágeis ao menor desconforto que não rende manchetes nobres. A epopeia da flotilha terminou não com a coragem exaltada de quem desafiou uma potência militar, mas com a reclamação histérica de hóspedes de hotel insatisfeitos.
No fim das contas, o episódio mostra que é fácil posar de destemido quando se trata de desafiar Israel de longe. Difícil mesmo é lidar com o inimigo invisível que, na calada da noite, ataca sem piedade – o terrível percevejo.
Jornal da cidade