A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou nesta terça-feira (22/4) um convite para que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, explique pessoalmente o controverso asilo diplomático concedido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia. Condenada por lavagem de dinheiro, Heredia foi acolhida pelo governo Lula em decisão que gerou indignação internacional e levanta sérias dúvidas sobre a condução da política externa brasileira.
Por se tratar de um convite, Mauro Vieira não é obrigado a comparecer, mas o gesto do Senado representa uma clara cobrança por mais transparência. A data da audiência ainda não foi definida, mas o clima é de crescente pressão. Heredia chegou a Brasília em 16 de abril, a bordo de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) enviada pelo próprio governo — um gesto que gerou ainda mais polêmica, dada a natureza da condenação e os laços com esquemas de corrupção.
O asilo foi solicitado com base na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, assinada por Brasil e Peru. No entanto, o momento da solicitação levanta suspeitas: Heredia pediu proteção diplomática exatamente no mesmo dia em que a Justiça peruana a condenou, junto de seu marido, Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. O casal foi considerado culpado por receber recursos ilegais da Odebrecht e do regime chavista da Venezuela para financiar campanhas presidenciais.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), autor do pedido, justificou que a convocação de Vieira visa esclarecer os fundamentos legais, os critérios “humanitários” alegados pelo Itamaraty e o uso de recursos públicos — como a aeronave da FAB — para transportar uma condenada. Para Moro, a sociedade precisa entender os reais motivos por trás da decisão, bem como o grau de envolvimento do governo brasileiro com figuras ligadas a escândalos internacionais.
No mesmo dia, a Comissão de Segurança Pública do Senado aprovou outro requerimento, dessa vez direcionado ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Ele deverá prestar informações detalhadas sobre todo o processo que resultou na concessão do asilo político. O pedido inclui desde o documento oficial da solicitação até os critérios utilizados para justificar a proteção oferecida por Lula à ex-primeira-dama condenada.
O caso trouxe ainda mais desgaste à imagem internacional do Brasil, que agora aparece como porto seguro para aliados de regimes corruptos e socialistas. A relação próxima entre Lula, líderes de esquerda latino-americanos e figuras envolvidas em esquemas de corrupção, como Nadine Heredia, expõe uma política externa ideologizada e questionável. Mais uma vez, o governo parece disposto a bancar o custo político — e financeiro — de proteger os seus.