
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse que o “impeachment não é um produto de prateleira para você tirar da vida pública quem você não gosta”, ao ser questionado sobre o plano da oposição ao governo Lula de elegerem senadores em número suficiente para aprovar o impeachment de ministros da Corte, sobretudo de Alexandre de Moraes, a partir de 2027.
– O impeachment é algo grave que você faz e que você aplica quando a pessoa cometeu um crime de responsabilidade, alguma coisa rara, excepcional, fora de padrão, e eu acho muito errado esse discurso – disse o ministro, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Barroso afirmou também que se o ex-presidente Jair Bolsonaro “tem apoiadores e conseguir elegê-los para o Senado, faz parte da vida democrática”. Ainda de acordo com o ministro, um Congresso conservador não o assusta.
– Fazer impeachment de ministro do Supremo não faz nenhum sentido e é uma forma feia de fazer política – apontou.
Em outra analogia, Barroso disse ainda que o impeachment “é uma forma de você, em vez de jogar o jogo, você quer tirar de campo quem você não gosta”.
CUSTO DO JUDICIÁRIO
O presidente do STF reconheceu que o Judiciário é caro – custa 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do País -, mas “é a instituição de maior capilaridade no país”, o que justificaria o alto custo.
– O Judiciário brasileiro custa o custo da presença do Estado em todo o país e uma presença que faz muita diferença na vida das pessoas – disse o ministro na entrevista que ocorreu na noite desta segunda-feira (22).
Barroso destacou que eventuais abusos devem ser combatidos, mas defendeu os altos salários dos magistrados como forma de recrutar os melhores profissionais.
– Se você não paga bem os juízes, você não recruta os melhores nomes para a magistratura, você fica com o que sobrou. Eu não quero o que sobrou. Tem que pagar bem, mas tem que pagar bem dentro da legislação – disse.
*AE